
2 da tarde de segunda-feira. Renata Silva sobe às escadas da mansão, carregando seus materiais de limpeza e escutando um som que corta o coração. O choro desesperado de duas bebês que ecoa por toda a casa. Aos 25 anos, Renata trabalha como fachineira há três semanas nesta mansão, mas nunca se acostumou com aquele sofrimento. As gêmeas choram h 3 horas seguidas hoje.
Ontem foram cinco, anteontem seis. “Meu Deus, essas crianças.” Ela sussurra parando na escada para limpar o suor da testa. Rafael Ferraz aparece no corredor como um homem perdido aos 34 anos. Esse empresário milionário parece ter envelhecido 10 anos nas últimas semanas. As olheiras são fundas, o cabelo está uma bagunça e ele anda que nem fantasma.
Sueli, ele chama a governanta que vem correndo. Faz mais de dois meses que elas não conseguem dormir direito. Mais de dois meses. Sueli, uma senhora de 50 anos que trabalha na família há 20 anos, balança a cabeça com pena. Ela sempre anota tudo que vê na casa num caderninho velho. Patrão, o senhor também precisa descansar. Não pode continuar assim.
Descansar? Rafael ri sem graça. Como que eu vou descansar escutando minhas filhas chorando desse jeito? Que pai eu sou, Sueli. Renata para de subir à escada. A dor na voz daquele homem mexe com ela. Ela perdeu um bebê há um ano, aos 4 meses de gestação. Sabe bem o que é ver uma criança sofrendo.
Rafael pega o telefone com as mãos tremendo. Doutor, é o Rafael Ferraz de novo. Eu sei que já liguei hoje de manhã, mas minhas filhas estão terríveis. Tem que ter alguma coisa que o senhor possa fazer. A voz do telefone fala alguma coisa que deixa Rafael ainda mais nervoso. Como assim não sabem mais o que fazer? Já veio pediatra, neurologista, especialista em bebê? Gastei mais dinheiro que tenho e nada adianta. Ele desliga e bate o punho na parede.
Rafael Sueli corre até ele. Não pode se machucar também. É inútil, Sueli. Sou um pai inútil mesmo. Nem consigo fazer minhas próprias filhas pararem de chorar. Renata observa tudo com o coração apertado. Nunca viu um homem tão destruído assim. A dor dele é real, crua, de doer na alma. O choro das gêmeas fica ainda mais forte lá do quarto.
Helena e Sofia, três meses de vida, lutando contra alguma coisa que ninguém consegue entender. Se elas não melhorarem logo, eu não aguento mais. Rafael sussurra. A voz embargada. 3 horas da tarde. Rafael sai correndo da casa, carregando as duas bebês nos carrinhos. Vou pro hospital de novo. Ele grita para Sueli. Elas estão com febre de tanto chorar.
O portão da mansão se fecha e a casa finalmente fica em silêncio. Renata suspira aliviada. Não pelo trabalho, mas porque aquelas criancinhas tiveram um tempinho de paz. Coitadinhas, ela murmura, terminando de subir para limpar o andar de cima. quando chega na porta do quarto das gêmeas para ali parada.
O ambiente ainda tem cheiro de bebê misturado com remédio, duas caminhas pequenas, decoração rosa e azul, brinquedinhos que nunca são usados porque as meninas nunca param de chorar para brincar. Renata sabe que não devia entrar ali. Rafael é bem rígido sobre quem pode mexer no quarto das filhas, mas alguma coisa a puxa para dentro.
Ela pega uma roupinha pequena, cor- de rosa, com desenho de coelhinhos, abraça contra o peito e fecha os olhos. A lembrança do bebê que perdeu vem como uma facada. “Meu anjinho!”, ela sussurra. “Se você tivesse nascido, ia ter a mesma idade delas”. Uma hora e meia depois, o barulho do portão à acorda do devaneio. Rafael tá voltando.
Renata corre para sair do quarto, mas bate o pé na cômoda e derruba um vidro de perfume. Ai, meu Deus! Ela se abaixa para pegar os cacos quando escuta passos na escada. Os médicos não sabem mais o que fazer. Rafael grita para Sueli. Disseram que elas tão saudáveis, mas não param de chorar. Ele entra no quarto carregando Helena no colo. A bebê tá vermelha de tanto chorar.
O rostinho inchado, os punhinhos fechados. Papai não sabe mais o que fazer, minha filha, ele sussurra, balançando a menina com carinho. Papai tá perdido. Sofia no carrinho também tá chorando. Um som agudo que perfura o ouvido. É aí que acontece uma coisa inexplicável. Renata, ainda agachada, juntando os cacos de vidro, olha para Helena e, sem pensar, estende os braços.
Posso pegar ela um pouquinho? Rafael, no limite do cansaço, nem pensa duas vezes. Coloca a bebê nos braços de Renata. O silêncio é imediato. Helena para de chorar, como se alguém tivesse apertado um botão. Os olhinhos inchados se abrem e fixam no rosto de Renata. Um olhar curioso, tranquilo, que Rafael fica de boca aberta. Sofia no carrinho também para de chorar.
Ela vira a cabecinha na direção da irmã e de Renata, como se entendesse que alguma coisa mudou. Calma, pequenininha. Renata sussurra, balançando Helena devagar. O que foi que estava incomodando você? A bebê fecha os olhinhos e, pela primeira vez em mais de dois meses, adormece de verdade. Não acredito. Rafael pega Sofia do carrinho.
A menina se acalma na mesma hora quando ele a aproxima de Renata. Como que você fez isso? Eu não sei, Senr. Rafael. Eu só senti que precisava pegar ela. Sueli aparece na porta e quase desmaia. Meu Deus do céu, como você conseguiu? Essas meninas não param de chorar nem dormindo. Mas Rafael já estava vendo. Ele estava ali presenciando o impossível acontecer na frente dos olhos dele.
Renata ele sussurra. Faz três meses que eu procuro uma resposta. Gastei uma fortuna com médico. E você? Você simplesmente? Elas estão dormindo, Renata completa, os olhos marejados, dormindo de verdade. Os três ficam ali em silêncio, vendo as gêmeas dormirem tranquilas pela primeira vez.

Helena nos braços de Renata, Sofia no colo do pai, mas grudadinha na fachineira. É quando escutam passos decididos na escada, passos que fazem o sangue de todo mundo gelar. Rafael, uma voz feminina ecoa pelo corredor. Cheguei paraa consulta das meninas. Dra. Cásia Drumon aparece na porta do quarto como uma pessoa que sempre manda em tudo.
Aos 38 anos, ela é do tipo que impõe respeito só de entrar no ambiente. Jaleco branco, sem uma manchinha, cabelo preso num coque perfeito, postura ereta de quem nunca perde o controle. Rafael, como tão as men? Ela para no meio da frase quando vê a cena. As gêmeas dormindo, Rafael sorrindo pela primeira vez em meses e uma faxineira segurando Helena como se fosse a coisa mais natural do mundo. Cásia.
Rafael sussurra tentando não acordar as bebês. Você não vai acreditar. Elas finalmente dormiram. A Renata conseguiu fazer elas dormirem. O sorriso de Cásia congela no rosto. Faz três anos que ela cuida desta família. Trs anos construindo uma relação, esperando a hora certa para se aproximar dele de um jeito mais íntimo. E agora uma faxineira qualquer aparece e faz o que ela, uma médica formada, não conseguiu fazer. Rafael. Ela fala com a voz controlada.
Posso falar contigo um minutinho ali no corredor? Mas Cásia, olha só, elas estão tão tranquilas no corredor, por favor. Rafael percebe o tom sério e faz sinal paraa Renata ficar com as bebês. Ele sai do quarto atrás da médica. Rafael, você tem noção do que acabou de acontecer? Cásia fala baixinho, mas com uma raiva controlada. O quê? Ela fez minhas filhas dormir em Cásia pela primeira vez em três meses.
E você sabe qual é a formação dessa mulher? Você sabe se ela não tem alguma doença? Você sabe se ela não fez alguma coisa perigosa? Rafael franze a testa. Não tinha pensado nisso, Cásia. Ela só pegou a Helena no colo e Rafael, eu sou pediatra há 15 anos. Sei como essas situações podem ser arriscadas. Bebês de três meses são muito frágeis.
Qualquer coisa errada pode causar problema grave. Mas elas estão bem, Cásia. Olha como estão dormindo sossegadas por enquanto. Mas e se for algum efeito químico? E se ela passou alguma coisa na pele? E se for uma coisa que vai fazer mal depois? As palavras de Cásia plantam semente de dúvida na mente cansada de Rafael. Ele sempre confiou no que ela falava.
Cásia salvou as gêmeas quando nasceram prematuras. É uma profissional respeitada, amiga da família há anos. Dentro do quarto, Renata embala Helena, que dorme profundamente. Sueli observa Sofia, que também tá descansando, tranquila no carrinho. Moça Sueli, sussurra. Como que você fez isso? Eu não sei, dona Sueli. Eu só senti que precisava ajudar.
Em 20 anos trabalhando aqui, nunca vi nada igual. Essas meninas não param de chorar nem quando estão dormindo. E agora, olha só. Ela aponta para as bebês realmente dormindo. Respiração calma, rostinhos relaxados, mãozinhas abertas. É um milagre mesmo. Sueli completa. No corredor.
Cásia continua plantando dúvidas. Rafael, eu entendo teu desespero, mas como médica não posso deixar que uma pessoa sem formação tenha contato direto com bebês tão pequenos. É uma questão de responsabilidade. Mas Cásia, imagina se acontece alguma coisa com elas, imagina se desenvolve alguma alergia, alguma infecção. Você nunca ia se perdoar. E eu como médica responsável também não.
Rafael passa a mão pelo cabelo. O cansaço não deixa ele pensar direito. O que você acha que eu devo fazer? Que ela não tenha mais contato direto com as meninas pelo bem delas? Enquanto isso, vou ajustar a medicação. Talvez seja isso que estava faltando. Dentro do quarto, Renata sente um arrepio. Alguma coisa não tá certa. Helena se mexe um pouquinho nos braços dela, mas continua dormindo.
Dona Suele, ela sussurra. A doutora sempre dá remédio pras meninas? Todo dia, moça. Ela diz que é para acalmar, mas nunca funcionou direito. E hoje? Ela já deu hoje? Ainda não. Chegou agora a pouco. Renata fica pensando. As gêmeas dormiram sem remédio nenhum. Só com carinho, só com o toque dela. É quando Rafael volta pro quarto, o rosto fechado. Renata, ele fala baixinho.
Obrigado pela ajuda, mas a Dra. Cásia tem razão. É melhor você não mexer mais com as meninas. O coração de Renata se despedaça. Mas, Senr. Rafael, elas estão bem, eu sei, mas pode ser perigoso. Você não é médica. Pode ter sido sorte ou pode ter sido alguma coisa que vai fazer mal depois.
Renata coloca Helena delicadamente na caminha. A bebê continua dormindo. Eu entendo, Senr. Rafael, mas os olhos dela dizem tudo. Ela não entende nada. Ela sabe que ajudou aquelas crianças e agora tá sendo afastada por isso. Cásia entra no quarto com um sorriso que não chega aos olhos.
Vou aplicar a medicação das meninas agora”, ela anuncia tirando duas seringas da bolsa médica. “Elas estão dormindo, doutora”, Sueli comenta. “Por isso mesmo, é o melhor momento para aplicar o remédio. Vão dormir ainda mais fundo.” Renata observa tudo. Um mal-estar crescendo no peito. Alguma coisa sobre aquelas seringas não parece certa. Com licença. Ela fala baixinho e sai do quarto.
No corredor escuta Cásia falando baixinho, mais para si mesma. Essa aí quase estragou tudo. Terça-feira, 6 da manhã. Renata chega pro trabalho com o coração pesado. O fim de semana inteiro, ela não conseguiu parar de pensar nas gêmeas. Será que dormiram? Será que ficaram bem? Quando entra na mansão, escuta exatamente o que esperava e temia o choro. Helena e Sofia choram no quarto, mais alto e mais desesperado que antes.
É como se tivessem voltado pro estado de antes, só que pior. Elas não dormiram quase nada no fim de semana. Sueli comenta quando vê Renata. O patrão tá destruído de novo. E o remédio da doutora? Ela aumentou a dose. Disse que era necessário para compensar o que aconteceu na sexta. Renata franze a testa.
Compensar? Por que ia precisar compensar o fato das gêmeas terem dormido? Às 7 em ponto. Dra. Cásia chega hoje. Ela tá diferente, mais determinada, mais séria. Cadê a faxineira? Ela pergunta para Sueli. Tá limpando a sala, doutora. Chama ela aqui. Preciso conversar. Renata sobe as escadas com o coração acelerado.
Cásia tá esperando no corredor, braços cruzados, cara de poucos amigos. Renata, né? Sim, doutora. Preciso deixar uma coisa bem clara. Você não pode de jeito nenhum tocar nas crianças desta casa. Elas são bebês frágeis que nasceram prematuras. Qualquer contato errado pode causar infecção grave. Mas doutora, eu só ajudei. Você não ajudou coisa nenhuma. Você criou um problema.
As meninas passaram o fim de semana agitadas porque o organismo delas foi alterado. Alterado como perfumes baratos, produtos de limpeza, bactérias. Você trabalha limpando casa, né? Suas mãos carregam germes que podem ser perigosos para bebês. Cada palavra de Cásia é como um tapa na cara de Renata. A médica fala com uma autoridade que não dá espaço para questionamento.
Entendeu bem? Não toca nas crianças, não entra no quarto delas. Se eu descobrir que você desobedeceu, vou falar pro Senr. Rafael te mandar embora na mesma hora. Sim, doutora. Ótimo. Agora vou cuidar das minhas pacientes. Cásia entra no quarto das gêmeas e fecha a porta. Renata fica no corredor, humilhada e confusa.
Será que realmente fez alguma coisa errada? Será que machucou as bebês sem querer? Do lado de dentro do quarto, Cásia tira uma seringa da bolsa, mas não é a mesma que Rafael viu na cesta. Esta é diferente, com um líquido transparente que não tem nada de calmante. “Agora vamos resolver esse probleminha.” Ela sussurra, colocando o conteúdo na mamadeira de Helena.
O líquido é um estimulante suave que não tem gosto, mas que deixa bebês agitados por horas. Cásia vem usando doses pequenas há três meses, desde que as gêmeas nasceram. O plano dela era simples, manter as crianças dependentes da medicina dela, se tornar indispensável pro Rafael e, na hora certa descobrir a cura e se casar com ele por gratidão.
Mas na sexta-feira, uma faxineira qualquer quase destruiu três anos de planejamento. Hoje, Cásia dobra a dose. gêmeas vão passar uma semana terrível e quando ela ajustar a medicação de novo, Rafael vai se jogar aos pés dela de gratidão. Pronto, minhas pequenas, ela sussurra pros bebês. Papai vai ver que só a tia Cásia consegue cuidar de vocês.
Helena e Sofia tomam as mamadeiras envenenadas sem saber. Em uma hora o efeito vai começar. Em duas horas elas vão estar gritando como nunca gritaram. Antes no corredor, Renata limpa o chão, escutando os gemidos que já começam a ficar mais fortes. O coração dela se aperta, mas ela não pode fazer nada, foi proibida.
Às 10 horas, Rafael chega do escritório e encontra as filhas numa crise pior que todas as outras. Cásia! Ele grita no telefone. Elas estão terríveis. Que remédio você deu? Calma, Rafael, é normal. O organismo dela estava alterado por causa do contato de sexta-feira. Agora eu tô corrigindo isso. Vai piorar antes de melhorar. Vai piorar, infelizmente. Sim. Mas confia em mim. Sou médica há 15 anos.
Sei o que tô fazendo. Rafael desliga o telefone e se joga na poltrona do quarto. As gêmeas choram há 4 horas seguidas. É terça-feira e elas não dormem direito desde domingo. Elas vão morrer se continuar assim. Ele sussurra para si mesmo a voz embargada de desespero. No corredor, Renata escuta tudo e sente as lágrimas escorrerem pelo rosto. Ela sabe que podia ajudar.
Sabe que as gêmeas se acalmariam nos braços dela, mas está proibida de tocar nelas. É quando percebe uma coisa que deixa ela ainda mais intrigada. Na lixeira do banheiro vê um frasco vazio de calmante infantil, o mesmo remédio que a doutora disse ter dado pros meninas.
Se ela deu o calmante, Renata pensa, porque o frasco tá no lixo vazio e por as meninas tão piores? A semente da suspeita começa a nascer no coração de Renata. Alguma coisa não tá certa. E se a pessoa que deveria cuidar das gêmeas está na verdade fazendo mal para elas? O choro das bebês ecoa pela mansão como um grito de socorro.
Um grito que só Renata parece entender, mas que tá proibida de responder. Elas vão morrer se continuar assim. Rafael grita no telefone paraa Cásia. E pela primeira vez Renata se pergunta: “Será que essa é exatamente a intenção? Quarta-feira, meio-dia. Renata trabalha no andar de baixo da mansão, escutando o choro das gêmeas, que não para a 8 horas seguidas.
É um som que perfura a alma dela, principalmente porque sabe que podia ajudar. Sueli aparece na cozinha com o caderninho na mão e uma expressão preocupada. Moça, posso conversar contigo? Claro, dona Sueli. Tô achando muito estranho o que tá rolando. As meninas só melhoraram quando você cuidou delas na sexta.
Aí, no fim de semana elas ficaram piores que nunca. Renata para de limpar e olha para a governanta. A senhora também achou esquisito demais. E tem outra coisa. Sueli olha ao redor para ter certeza de que ninguém está escutando. Faz 20 anos que trabalho aqui. Nunca vi bebê chorar tanto assim. Então não é normal. Normal não é não.
E outra coisa que me chamou atenção, a doutora sempre vem aqui todo dia agora, mas antes das meninas nascerem, ela só aparecia quando o patrão chamava. Renata sente o coração acelerar. Ela não está louca. Tem alguma coisa errada mesmo, dona Sueli, a senhora anota tudo nesse caderninho, né? Anoto sim. É costume antigo meu. Anoto quem vem, quem sai.
Que horas? A senhora pode me falar que horas a doutora chega e que horas as meninas começam a chorar pior? Sueli abre o caderno e folheia as páginas. Olha aqui. Segunda-feira, doutora chegou 7, deu remédio 7:30. Meninas começaram a gritar feito loucas. 8:30 e ontem, terça, doutora chegou 7, deu remédio 7:15, meninas começaram a surtar 8:15 sempre uma hora depois do remédio. Sempre.
Mas isso deve ser normal, né? Às vezes remédio demora para fazer efeito. Renata franze a testa. Se o remédio é para acalmar, porque as gêmeas ficam piores depois? Dona Sueli, a senhora viu que remédio a doutora joga no lixo? Como assim? Eu vi uns frascos de calmante infantil no lixo do banheiro.
Se ela está dando calmante para os bebês, por frascos estão vazios no lixo? Sueli fica pensativa. Agora que você falou, é meio estranho mesmo. Por que jogar fora remédio que não usou? É quando escutam passos rápidos na escada. Rafael desce correndo, o cabelo bagunçado, a camisa amarrotada. Sueli, onde está Acácia? Liguei para ela, mas não atende.
Ainda não chegou hoje, patrão. As meninas estão gritando a 8 horas. 8 horas, Suel? Elas vão ter convulsão se continuar assim. Renata sente o peito apertar, vendo o desespero dele. Senr. Rafael. Ela fala baixinho. Posso sugerir uma coisa? O quê? E se o senhor tentasse não dar o remédio hoje só para ver se faz diferença? Rafael olha para ela como se ela tivesse sugerido alguma loucura.
Renata, elas estão assim justamente porque precisam do remédio. Acásia explicou que o organismo delas está, como é que ela falou mesmo, alterado. Mas e se não for isso? E se for o remédio que está fazendo mal, Renata? Rafael levanta a voz. Cásia é médica formada. Ela sabe o que está fazendo. Renata baixa a cabeça, mas a suspeita na mente dela só cresce.
O telefone toca e Rafael corre para atender. Cásia, graças a Deus, você precisa vir aqui urgente. As meninas estão terríveis. Calma, Rafael. Chego aí em meia hora. Enquanto isso, pode dar mais uma dose do remédio. Está na geladeira. Rafael vai para a cozinha e abre a geladeira. Pega um frasco com líquido transparente.
Sueli, vem me ajudar a dar o remédio para os bebês. Renata observa tudo e toma uma decisão. Precisa descobrir o que realmente está acontecendo. Às 2as da tarde, ela se posiciona na janela da sala, fingindo limpar os vidros. Dali consegue ver o quarto das gêmeas no andar de cima. 15 minutos depois, Cásia chega.
Renata nota que ela não parece preocupada como deveria. Na verdade, parece até aliviada. Da janela, Renata consegue ver Cásia entrando no quarto das gêmeas. Ela fica observando e o que vê a deixa gelada. Cásia não examina as bebês, não verifica a temperatura, não escuta o coração, nada. Ela simplesmente tira algo da bolsa médica e aplica nas mamadeiras.
Dona Sueli, Renata chama baixinho. Vem ver uma coisa. Sueli se aproxima da janela. O que é? Olha lá em cima. A doutora não está examinando as meninas, só está mexendo nas mamadeiras. Sueli observa e franze a testa. Que estranho. Médico não deveria examinar antes de dar remédio. Nesse momento, elas veem Cásia saindo do quarto e conversando com Rafael no corredor.
Não conseguem escutar, mas pela expressão dele, ela está tranquilizando-o sobre alguma coisa. Dona Sueli, quando a doutora for embora, a senhora pode me mostrar que remédio ela deixou? Posso sim. Uma hora depois, Cásia sai da casa. Sueli e Renata sobem para o quarto das gêmeas. Olha aqui, Suel mostra o frasco na geladeira do quarto. É isso que ela sempre deixa.
Renata pega o frasco e lê o rótulo calmante infantil natural. Ela lê em voz alta. Mas olha isso, dona Sueli. Ela mostra a parte de trás do frasco. Está com a tampa violada. Alguém abriu e fechou de novo. Como você sabe? Trabalho limpando casas há anos. Aprendi a reparar nessas coisas. Alguém mexeu nesse frasco. Sueli olha mais de perto.
Você tem razão. A tampa está meio torta. É quando escutam um choro diferente vindo dos berços. Helena e Sofia começam a ficar agitadas novamente. Uma hora depois do remédio. Renata sussurra. Exatamente como a senhora anotou. Meu Deus, Sueli, sussurra.
Será que, dona Sueli, a senhora pode fazer uma coisa para mim? O quê? Amanhã, quando a doutora vier, finge que esqueceu algo no quarto e fica observando ela mexer no remédio, mas sem ela perceber. E se ela descobrir, então a gente vai saber que realmente tem alguma coisa errada. Quinta-feira, 6:30 da manhã. Renata chega para o trabalho ansiosa para saber como as gêmeas passaram a noite.
Sueli a recebe na porta com uma expressão aliviada. Moça, que bom que você chegou. Como foi à noite? O patrão não deu o remédio ontem à noite. E sabe o que aconteceu? O quê? As meninas dormiram 6 horas seguidas. 6 horas. primeira vez em meses. Renata sente uma mistura de alívio e confirmação das suas suspeitas.
E hoje de manhã ainda estão dormindo, mas a doutora chegou faz meia hora. Está lá em cima. A senhora conseguiu observar ela? Consegui. E você não vai acreditar no que eu vi. Sueli puxa Renata para um canto da cozinha e sussurra. Ela tirou uma seringa da bolsa e aplicou algo no frasco de remédio. Algo que ela trouxe de fora. Tem certeza? Absoluta.
Vi ela furando a tampa do frasco com a seringa e injetando um líquido transparente. Meu Deus! E tem mais. Depois que ela aplicou, testou uma gota na língua dela mesma. Testou para ver se tinha gosto. Vi ela fazer cara de aprovação, como se estivesse conferindo se não dava para perceber. Renata sente o sangue gelar. Uma médica não precisaria testar remédio na língua a menos que estivesse misturando algo que não deveria estar ali. Dona Sueli, precisamos falar com o Senr. Rafael.
Ele não vai acreditar na gente, então precisamos de mais provas. É quando escutam passos descendo à escada. Cásia aparece na cozinha com um sorriso que não chega aos olhos. Bom dia, pessoal. As meninas estão ótimas hoje, dormindo como anjos. Que bom, doutora Sueli responde, tentando disfarçar. Vou deixar o remédio normal de sempre.
Podem aplicar de quatro em 4 horas. Cásia sai da casa, mas desta vez Renata presta atenção em algo que não tinha notado antes. A médica carrega duas bolsas, a médica oficial e uma bolsa térmica pequena. Dona Sueli, viu aquela bolsa térmica? Vi sim. Médico leva bolsa térmica para a casa de paciente. Não que eu saiba.
Remédio normal não precisa de refrigeração especial. Rafael aparece na cozinha com uma aparência bem melhor que nos últimos dias. Sueli, não acredito que as meninas dormiram a noite toda. Pois é, patrão, que bom, né? Acásia disse que é porque o novo remédio está funcionando. Renata e Sueli trocam olhares.
Elas sabem que não foi o remédio que funcionou, foi a ausência dele. Senr. Rafael, Renata se arrisca. O senhor não acha estranho que elas só melhoraram quando não tomaram o remédio da noite? Mas elas tomaram sim. Acáia ajustou a fórmula, mas o senhor mesmo disse que não deu o remédio ontem à noite. Rafael para e pensa: “É verdade, eu não dei. Esqueci completamente, estava tão cansado”.
E elas melhoraram. Coincidência? Senr. Rafael. Sueli se mete na conversa. Posso falar uma coisa? Claro. Em 20 anos trabalhando aqui, aprendi a observar. E tem umas coisas que estão me chamando atenção. Que coisas? A doutora sempre mexe no remédio antes de deixar aqui e as meninas sempre pioram.
Exatamente uma hora depois de tomar. Rafael franze a testa. Sueli, você está insinuando que não estou insinuando nada, patrão. Só estou falando o que vejo. Nesse momento, o choro das gêmeas recomeça lá de cima. Helena e Sofia acordaram e já estão ficando agitadas. Pronto, Rafael suspira. Vou dar o remédio para elas. Senhor Rafael, Renata fala rapidamente.
E se a gente experimentasse mais uma vez sem dar? Só para ter certeza? Renata, por favor, só hoje. Se elas piorarem muito, o senhor dá o remédio na hora. Rafael fica dividido. De um lado, a orientação médica da Cásia. Do outro, a evidência dos próprios olhos. Está bem, mas se elas ficarem muito mal, eu dou o remédio. Renata sente uma esperança crescer no peito.
Talvez hoje eles descubram a verdade. Às 10 horas da manhã, algo extraordinário acontece. As gêmeas, que acordaram chorando gradualmente se acalmam sozinhas, sem remédio, sem intervenção, apenas com o carinho do pai e os cuidados normais. Não acredito. Rafael sussurra, olhando para as filhas tranquilas. Acredita agora que tem alguma coisa errada com aquele remédio? Renata pergunta.
Rafael está prestes a responder quando o telefone toca. Rafael é Acássia. Como estão as meninas? Estão bem? Ótimo. Você deu o remédio no horário certo? Rafael olha para Renata e Sueli, que fazem não com a cabeça. Dei sim. Perfeito. Chego aí à tarde para ver como elas estão reagindo ao novo tratamento.
Quando Rafael desliga, Renata percebe que ele mentiu para Cásia. Por que o senhor mentiu? Porque porque quero ter certeza de uma coisa antes de acusar uma médica de do que vocês estão pensando. E como vamos ter certeza? Rafael fica em silêncio por um momento. Vamos testar o remédio. Quinta-feira, 2 da tarde. Rafael, Renata e Sueli estão na cozinha, olhando para o frasco de remédio que Cásia deixou. Como vamos testar isso, Rafael pergunta.
Meu irmão é técnico em farmácia, Sueli fala. Ele pode analisar sem ninguém saber. Mas isso vai demorar. Tem outro jeito, Renata interrompe. A gente pode ver como as meninas reagem com e sem o remédio ao longo do dia. Como assim? Simples. Dividimos o dia em dois períodos. De manhã, elas ficam sem remédio. À tarde, quando a doutora chegar, damos o remédio e vemos a diferença.
Rafael considera a proposta. E se elas ficarem mal? Aí paramos na hora e chamamos outro médico. Está bem. Vamos tentar. Durante toda a manhã, as gêmeas ficam tranquilas, fazem as necessidades normalmente, mamam sem problemas, dormem quando devem dormir. Comportamento de bebês saudáveis. Às 2:30, Cásia chega para a visita da tarde.
Como estão minhas pacientinhas? Bem, Rafael responde, observando-a atentamente. Ótimo. O remédio está funcionando perfeitamente. Então, Cásia sobe para o quarto das gêmeas. Rafael, Renata e Sueli ficam no andar de baixo aguardando. Meia hora depois, Cásia desce. Pronto, apliquei a dose da tarde. Elas vão ficar bem calminha agora.
Assim que Cásia sai da casa, os três sobem correndo para o quarto. As gêmeas estão no berço, aparentemente normais, mas Rafael repara em algo. Olhem os olhos delas. Helena e Sofia estão com os olhos mais abertos que o normal, meio vidrados, como se estivessem vendo coisas que não existem. Isso é normal? Rafael pergunta. Não, Renata responde. Bebê normal não fica com esse olhar.
15 minutos depois, como um relógio, o choro começa. Mas não é um choro normal de bebê. É um choro desesperado de quem está sentindo alguma coisa ruim. Agora eu tenho certeza. Rafael fala a voz tremendo de raiva. Ela está envenenando minhas filhas. O que vamos fazer? Sueli pergunta. Vamos provar.
Rafael pega o telefone e liga para um médico particular que conhece. Dr. Augusto, é o Rafael Ferraz. Preciso que venha a minha casa urgente para examinar minhas filhas. Não, não é emergência, mas é importante. Pode vir hoje ainda. Enquanto Rafael fala ao telefone, Renata escuta um barulho estranho no jardim. Olha pela janela e vê Cácia parada atrás da árvore, observando a casa.
Dona Sueli, ela sussurra. Olha ali fora. Sueli olha e fica pálida. Ela está nos espionando. Por quê? Porque sabe que descobrimos alguma coisa. Nesse momento, Rafael desliga o telefone. Dr. Augusto, vem aqui às 4 horas. Vamos saber exatamente o que tem no sangue das meninas.
Mas eles não sabem que Cásia escutou tudo da janela aberta e que ela já está planejando o próximo movimento. Às 3:45. 15 minutos antes do Dr. Augusto chegar, o telefone toca. Rafael, aqui é a delegacia do bairro. Recebemos uma denúncia grave sobre sua casa. Que tipo de denúncia? Alguém relatou que uma funcionária sua está dando medicamentos controlados para suas filhas, sem prescrição médica. Rafael fica gelado.
Isso é mentira, senhor. Precisamos ir aí verificar. É protocolo, mas estamos a caminho. Rafael desliga o telefone e olha para Renata e Sueli, desesperado. Alguém nos denunciou. Quem? Renata pergunta, mas no fundo já sabe a resposta. 20 minutos depois, duas viaturas param na frente da mansão.
Quatro policiais sobem para o quarto das gêmeas, onde encontram Rafael, Renata e Sueli, cuidando dos bebês que choram. Quem é a funcionária responsável pelos cuidados médicos das crianças? O sargento pergunta: “Ninguém?” Rafael responde. Elas são cuidadas por uma médica. Temos informação de que esta senhora, ele aponta para Renata, “vem aplicando medicamentos sem autorização.
Isso é mentira. É quando Cásia aparece na porta acompanhada de outro policial. Sargento, como relatei por telefone, encontrei evidências de que esta funcionária vem drogando as crianças. Ela abre a bolsa médica e retira um frasco de medicamento controlado. Encontrei isto escondido na casa dela. Renata fica em choque. Isso não é meu. Eu nunca vi esse frasco na vida.
E também encontrei isto. Cásia mostra um papel. Anotações dela sobre dosagens de medicamentos. Rafael pega o papel das mãos do policial. É uma receita médica falsificada com tratamentos para Helena e Sofia, assinada por Dra. Renata Silva. Renata. Rafael sussurra. Como você pode? Senr.
Rafael, eu juro que nunca escrevi isso. Eu nem sei escrever receita. Eu nem sou médica. Senhora, o sargento fala, precisa vir conosco para prestar esclarecimentos. Não, eu sou inocente. Foi ela que plantou essas coisas. Mas enquanto Renata é levada, Cásia se aproxima de Rafael. Desculpe, Rafael. Sei que confiava nela, mas não podia deixar suas filhas correr em risco.
Rafael olha para as gêmeas, que continuam chorando, e para Cásia, que agora parece ser a única pessoa em quem pode confiar. Ele não percebe o sorriso discreto de satisfação no rosto da médica. Sexta-feira, 8 horas da manhã. Renata acorda numa cela fria da delegacia depois de uma noite que parecia não ter fim.
Passou horas tentando explicar para os investigadores que foi vítima de uma armação, mas ninguém acredita nela. Silva, visita. O policial grita. Ela se levanta. esperando ver Rafael ou talvez o Dr. Augusto que poderia confirmar sua inocência, mas é sua mãe, dona Márcia Santos, com o rosto vermelho de vergonha e raiva. Mãe, Renata sussurra.
Não me chama de mãe. Dona Márcia explode. Como você pode fazer uma coisa dessas? Envenenar criança pequena. Mãe, eu não fiz nada. Foi a médica que armou para mim. Para de mentir. Saiu no jornal, passou na televisão. Todo mundo na nossa rua sabe que você falsificou receita médica. Renata sente o mundo desabar.
Se a própria mãe não acredita nela, quem vai acreditar? Mãe, por favor, me escuta só um minutinho. Não quero escutar nada. Você envergonhou nossa família. Seus irmãos não conseguem nem sair de casa. Mas eu juro que para mim você morreu. Não quero mais ver sua cara. Dona Márcia sai batendo a porta.
Renata se joga no chão da cela e chora como nunca chorou na vida. No meio da tarde, o advogado público chega para conversar com ela. É um homem cansado que parece ter visto muitos casos iguais. Renata, vou ser direto com você. A situação está complicada. Eles têm evidências físicas contra você. Mas eu sou inocente. Olha, receita médica falsificada é crime grave.
Pode dar de 2 a 8 anos de cadeia. Alguém plantou essas coisas. A médica armou tudo. Você tem como provar. Renata fica em silêncio. Como provar alguma coisa de dentro de uma cela? E as crianças? Ela pergunta como elas estão? Isso não é da minha área. Meu trabalho é te defender do crime que você supostamente cometeu.
Supostamente? Bem, tecnicamente você ainda é inocente até ser julgada, mas as evidências Ele não precisa terminar a frase. Renata entende que até o próprio advogado não acredita nela. À noite, uma detenta mais velha se aproxima dela na cela. Primeira vez aqui? Espero que seja a última. Todo mundo fala isso.
Que crime? Dizem que eu falsifiquei receita médica para drogar bebês. A mulher faz uma cara de nojo. Mexer com criança é coisa séria aqui dentro. Se você realmente fez isso, eu não fiz. Eu amo aquelas crianças mais que a própria vida. Então, alguém te ferrou legal e ferrou bem feito. Renata passa mais uma noite sem dormir, pensando em Helena e Sofia.
Será que estão chorando de novo? Será que Cásia voltou a dar os estimulantes? Será que Rafael percebeu alguma coisa? Sábado de manhã, a notícia que ela mais temia chega através de uma guarda. Aqueles bebês que você envenenou foram internados de madrugada. O coração de Renata para o quê? Estão na UTI pediátrica, convulsões, febre altíssima.
Os médicos acham que foi overdose dos remédios que você deu. Renata grita e corre para as grades da cela. Não, eu não dei remédio nenhum. Deixa eu sair. Preciso falar com alguém. Fica quieta aí. Você não vai a lugar nenhum. Elas vão morrer. Vocês não entendem. É a médica que está matando elas. Mas ninguém escuta. Para todos ali, ela é apenas mais uma criminosa tentando escapar da responsabilidade.
Renata se joga no chão da cela soluçando. Helena e Sofia estão morrendo e a pessoa que pode salvá-las está trancada numa cadeia. Do lado de fora, nos corredores do hospital, Rafael caminha de um lado para o outro como um louco. Suas filhas estão ligadas a aparelhos, lutando pela vida.
Como isso aconteceu, Cásia? Ele pergunta pela décima vez. Rafael, eu avisei. A fachineira estava drogando elas há semanas. O organismo delas acumulou a substância e agora está tendo uma reação. Mas elas estavam melhorando. Era o efeito da droga. Agora que paramos de dar, o corpo delas está entrando em abstinência.
Rafael aceita a explicação porque não tem outra opção. Cásia é médica, ela sabe do que está falando. O que ele não sabe é que neste exato momento, Cásia está aplicando doses ainda maiores de estimulantes nas gêmeas. Seu plano é simples, fazer as bebês ficarem tão mal que ele se case com ela por desespero e gratidão quando ela finalmente as curar.
Na prisão, Renata recebe mais uma notícia devastadora. Silva, seu caso virou nacional. Você é a mulher mais odiada do Brasil agora. E era verdade. A história da fachineira que envenenou bebês gêmeos de empresário estava passando em todos os canais de TV. Sua foto estava em todos os jornais e sites.
Protestos se formaram em frente à delegacia, pedindo justiça. Assassina de bebês alguém grita da rua. Cadeia nela. Renata se encolhe no canto da cela. Sua vida virou um inferno público, enquanto a verdadeira culpada é tratada como heroína por tentar salvar as crianças.
Mas o pior de tudo é saber que enquanto ela apodrece numa cela, Helena e Sofia estão morrendo nos braços de quem realmente as envenenou. Deus, ela sussurra no escuro da cela. Se o Senhor existe mesmo, protege essas crianças. Elas não merecem isso. E por algum milagre, do outro lado da cidade, alguém está começando a fazer perguntas que Cásia não esperava. Domingo, 6 horas da manhã.
No Hospital São José, Rafael não sai do lado das filhas à 36 horas. Helena e Sofia estão na UTI pediátrica com monitores que mostram sinais preocupantes, febre que não baixa e pequenas convulsões que vêm em ondas. Como elas estão, doutor? Rafael pergunta ao Dr. Martins, o pediatra responsável. estáveis, mas ainda preocupantes.
Vamos ter os resultados dos exames toxicológicos amanhã cedo. E até lá, vamos mantê-las hidratadas e monitoradas. O organismo delas precisa eliminar o que quer que seja naturalmente. Rafael passa a mão pelo rosto. Três dias sem dormir direito, sem comer, sem conseguir pensar em mais nada.
Cásia chega com uma xícara de café. Rafael, você precisa descansar um pouco. Não consigo. Olha para elas, Cásia. Eu sei que é difícil, mas elas vão ficar bem. Confia em mim. Como você tem tanta certeza? Porque conheço esse tipo de intoxicação. Já vi casos parecidos. E o que Rafael não sabe é que Cásia está mentindo. Ela nunca viu caso parecido porque ela mesma criou essa situação.
Sueli chega para visitar as gêmeas. Como funcionária da família há 20 anos, conseguiu autorização. Como elas passaram à noite, patrão? Mal Sueli, muito mal. E a Renata? O senhor não foi visitá-la ainda. Rafael fica desconfortável depois do que ela fez. Patrão, Sueli fala baixinho. Posso dizer uma coisa? Como alguém que conhece a família há tanto tempo. Fala.
Eu vi a Renata com essas meninas. Vi o jeito que ela cuidava, o carinho que ela tinha. Aquela moça jamais faria mal para uma criança. Mas as evidências, evidência pode ser inventada, patrão, mas coração não. E o coração dela com as meninas era puro. Rafael fica pensativo. No fundo, ele também tem dúvidas.
Sueli, você acha que eu devia ir falar com ela? Acho que o senhor devia pelo menos escutar o lado dela. Cásia, que estava mexendo no celular, escuta a conversa e fica alerta. Rafael, ela interrompe. Você não acha melhor se concentrar nas meninas agora? Essa mulher só vai te deixar mais angustiado. Talvez você tenha razão, mas Sueli não desiste.
Patrão, me permite fazer uma pergunta? Claro. Desde que a Renata foi presa, as meninas melhoraram ou pioraram? A pergunta cai uma bomba. Rafael nunca tinha pensado nisso dessa forma. Pioraram. Então não é estranho? Se ela estava realmente envenenando, elas não deviam melhorar sem ela? Cásia sente o coração acelerar. A pergunta de Sueli é perigosa.
Sueli, ela responde com autoridade médica, intoxicação não funciona assim. O corpo leva tempo para eliminar as substâncias. É normal elas piorarem antes de melhorar. Ah, entendi. Mas Sueli não entendeu nada. Na verdade, ficou ainda mais desconfiada. Patrão. Ela sussurra quando Cásia se afasta. O senhor não acha que devia pelo menos conversar com a Renata? Só para ter certeza? Rafael olha para as filhas ligadas aos aparelhos.
Está bem, mas só para esclarecer essa história de uma vez. O que eles não sabem é que essa decisão vai começar a desmontar 3 anos de mentiras. Segunda-feira, 10 horas da manhã. Rafael se senta na sala de visitas da delegacia, nervoso e revoltado, mas também curioso. Quando Renata aparece, ele se choca com a mudança dela. Em quatro dias, ela parece ter envelhecido anos. Magra, pálida, com olheiras que falam por si só. Senr. Rafael, ela fala baixinho.
Renata, como estão as meninas? Por que você se importa depois do que do que dizem que você fez? Porque eu amo elas mais que qualquer coisa nesse mundo. Rafael estuda o rosto dela. Não vê maldade, não vê mentira, vê dor real. Renata, me explica uma coisa. Se você realmente ama minhas filhas, por que faria aquilo? Porque eu não fiz, Senr. Rafael.
Eu juro pela alma da minha mãe que nunca machucaria essas crianças, mas encontraram evidências que foram plantadas pela Dra. Cásia. Renata, isso é uma acusação muito grave. Eu sei, mas é a verdade. Renata conta tudo. Os padrões que ela e Sueli descobriram, os frascos violados, a forma como as gêmeas sempre pioravam depois dos remédios. Senr. Rafael.
Suas filhas só ficavam agitadas depois que ela dava a medicação. O senhor mesmo viu isso na quinta-feira. Rafael lembra? É verdade. Quando não deu o remédio, as meninas melhoraram. Mas por que a Cásia faria uma coisa dessas? Não sei. Só sei que ela tá fazendo. Você tem como provar. De dentro de uma cela. Como? Rafael sai da delegacia com a cabeça fervilhando.
As palavras de Renata fazem sentido, mas são tão graves que parte dele não quer acreditar. De volta ao hospital, ele encontra Dr. Martin saindo do quarto das gêmeas. Doutor, como elas estão? Curiosamente, estão um pouco melhor hoje. A febre baixou um grau. Sério? Sim. Se continuar assim, talvez possamos retirar alguns monitores amanhã. Rafael fica pensativo.
As meninas estão melhorando no hospital, longe de qualquer medicação de Cásia. Doutor, posso fazer uma pergunta técnica? Claro. Se alguém estivesse dando alguma substância para manter bebês agitados, eles melhorariam quando parassem de receber essa substância. Dr. Martins franze a testa. dependeria da substância, mas sim, se fosse um estimulante, por exemplo, eles se acalmariam gradualmente quando parassem de receber.
E quanto tempo levaria? Uns dois, três dias. Por quê? Só curiosidade. Mas não é curiosidade. Rafael está começando a juntar as peças. Nesse momento, Cásia aparece no corredor. Rafael, como estão as meninas? Melhor, o doutor disse que a febre baixou. Que bom, ela responde, mas sua expressão não condiz com alívio.
Cásia, posso te fazer uma pergunta? Claro. Que tipo de medicação você estava dando paraas meninas em casa? Calmante, natural. Por quê? O doutor disse que elas podem estar melhorando porque pararam de receber alguma substância. Não seria o contrário? Cásia fica nervosa. Cada caso é um caso, Rafael. Não dá para generalizar. Mas você acabou de dizer que conhecia esse tipo de intoxicação. Conheço.
Mas cada organismo reage diferente. Rafael percebe que as respostas dela não estão batendo. Cásia, você trouxe alguma medicação para aplicar hoje? Trouxe, mas vou conversar com o Dr. Martins antes. Que medicação? Complemento vitamínico para ajudar na recuperação. Rafael não responde, mas decide observar mais de perto. Terça-feira, 8 horas da manhã. Dr.
Martins chama Rafael com urgência. Senhor Ferraz, preciso conversar com o senhor. Aconteceu alguma coisa? Chegaram os resultados dos exames toxicológicos das suas filhas. Rafael sente o estômago apertar e elas têm anfetamina no sangue. Anfetamina é um estimulante muito forte.
Em bebês pode causar exatamente os sintomas que suas filhas apresentaram. Doutor, de onde pode ter vindo isso? Só médicos têm acesso à anfetamina pura. E pelos níveis que encontramos, a aplicação vem sendo feita regularmente a cerca de dois meses. Rafael sente as pernas bambas. Dois meses foi quando a Cásia começou a tratar elas. Quem é Cásia? A médica particular da família. Dr. Martins, fica sério.
Senhor Ferraz, preciso informá-lo que vamos comunicar isso às autoridades. Isso é envenenamento de menores. Nesse momento, Cásia aparece no corredor. Rafael, como estão minhas pacientinhas hoje? Cásia, ele fala com voz controlada. O doutor quer conversar com você. Comigo? Sobre o quê, Dr. Martin? que apresenta. Doutora, sou o Dr.
Martins, responsável pela UTI. Preciso esclarecer alguns pontos sobre o tratamento que a senhora vinha dando às crianças. Claro que pontos encontramos anfetamina no sangue delas. Cásia empalidece, mas tenta disfarçar. Anfetamina? Impossível. Eu só dava calmante natural.
Senhora, tem a receita desse calmante? Tenho, claro. Ela mexe na bolsa, mas demora mais que o normal. Que estranho. Acho que esqueci no consultório. Doutora, Dr. Martins continua: “A quantidade de anfetamina indica aplicação regular por dois meses.” A senhora consegue explicar isso? Deve ter sido a faxineira. Ela que estava drogando as crianças, mas a faxineira está presa há cinco dias e o nível de anfetamina no sangue indica aplicação recente. Cásia fica sem resposta.
Doutora, vou precisar que a senhora acompanhe nossa investigação. Investigação? Envenenamento de menores é crime grave. A polícia vai querer conversar com a senhora. É quando Cásia percebe que seu mundo está desabando, mas ainda não confessa, ainda tenta se defender. Isso é um mal entendido.
Eu sou médica respeitada há 15 anos. Justamente por isso que é mais grave. Dr. Martins responde. Rafael, que escutou tudo em silêncio, finalmente fala. Cásia me olha nos olhos e me diz a verdade. Você estava dando anfetamina paraas minhas filhas, Rafael. Eu jamais me olha nos olhos. Cásia tenta sustentar o olhar, mas não consegue.
Eu Eu posso explicar? Então explica. Mas em vez de confessar, ela tenta fugir. Preciso ir buscar os documentos no meu consultório. Volto já. A senhora não vai a lugar nenhum. Dr. Martins fala. A segurança do hospital já foi acionada. É quando CIA entende que não tem mais saída. Terça-feira, 2 da tarde. Na sala de segurança do hospital, Cácia está sentada entre Rafael, Dr.
Martins e dois investigadores da polícia. Ela ainda tenta negar tudo. Eu nunca dei anfetamina para essas crianças, ela insiste. Doutora. Um dos investigadores fala: “Temos o laudo toxicológico, temos as declarações do pai e temos sua presença constante na casa durante o período da intoxicação.” Coincidência? A senhora tem alguma explicação paraa anfetamina no sangue dos bebês? Foi a faxineira.
A faxineira não tem acesso à anfetamina médica. A senhora tem? Cásia fica em silêncio. Rafael não aguenta mais. Cásia, pelo amor de Deus, para com essa mentira. Minhas filhas quase morreram. Eu não queria que elas morressem. A frase sai antes dela perceber. É a primeira brecha na versão dela. Então, a senhora admite que deu alguma coisa para elas? O investigador pergunta.
Cásia percebe o erro e tenta voltar atrás. Não. Eu quis dizer que ninguém queria que elas morressem. Não foi isso que a senhora disse. Foi sim. Rafael se levanta nervoso. Cásia, você é médica. Você sabe que mentir numa investigação criminal é pior para você. Eu não estou mentindo.
Então me explica porque minhas filhas só melhoraram quando pararam de tomar seu remédio? Elas não melhoraram. Melhoraram sim. Na quinta-feira, quando eu não dei seu remédio, elas dormiram a noite inteira. Foi coincidência? E aqui no hospital, sem remédio, elas estão melhorando cada dia. Cásia está encurralada, mas ainda resiste. Rafael, você está muito estressado, não está pensando direito.
É quando o Dr. Martins intervém. Doutora, temos as câmeras de segurança do hospital. A senhora foi vista aplicando algo nas crianças ontem à noite durante a troca de plantão. O sangue de Cásia gela. Que câmeras? O TI tem monitoramento 24 horas. Queremos saber o que a senhora aplicou às 3 da madrugada. Cásia tenta mais uma mentira. Era soro. Elas estavam desidratadas.
Soro não precisa ser escondido da enfermagem. Por que a senhora não comunicou? Cásia não tem resposta. O investigador se inclina paraa frente. Doutora, vamos facilitar pra senhora. Sabemos que aplicou anfetamina. Temos provas. A única coisa que queremos saber agora é porquê. Cásia olha em volta da sala. Rafael com ódio nos olhos. Dr.
Martins balançando a cabeça. Investigadores aguardando. Ela entende que acabou. Eu começa. A voz trêmula. Fala, Cásia. Rafael sussurra. Pelo menos isso você me deve. Eu fiz por porque as lágrimas começam a escorrer. Porque eu te amo, Rafael. O silêncio na sala é total. Eu te amo há anos, desde que sua esposa morreu.
E eu pensei, eu pensei que se eu cuidasse das meninas, se eu fosse indispensável para elas. Você envenenou minhas filhas por amor”, Rafael sussurra incrédulo. “Não era para machucar, era só para elas precisarem de mim, para você ver que eu era importante.” Importante? Você quase matou elas. A dose era pequena, calculada. Eu sou médica. Eu sabia o que estava fazendo.
E quando a Renata conseguiu acalmar elas, aí eu tive que aumentar um pouco. Ela ia estragar tudo. Aumentar? Você aumentou a dose de droga nas minhas filhas por ciúme. Cásia está soluçando agora. Eu te amo tanto. Faz anos que espero uma chance. Rafael se levanta tremendo de raiva. Isso não é amor, Cásia.
Isso é loucura. É amor, sim. Tudo que fiz foi por amor. Amor não machuca criança inocente. Eu não queria machucar. Só queria que você me amasse. O investigador faz sinal pros colegas. Doutora, a senhora está presa por tentativa de homicídio e exercício ilegal da medicina. Enquanto Cásia é levada, ainda gritando que ama Rafael, ele fica na sala destruído. Doutor, ele fala para Dr.
Martins, preciso ir buscar uma pessoa, uma pessoa inocente que tá presa por um crime que não cometeu. Vá, suas filhas estão seguras agora. E pela primeira vez em meses, Rafael sabe que é verdade. Quarta-feira, 10 horas da manhã. Rafael está na delegacia h lidando com papelada e burocracia. Mesmo com a confissão de Cásia, soltar alguém da prisão não é simples.
Senr. Ferraz, o delegado explica. A senora Renata vai ser liberada hoje, mas o processo contra ela só vai ser arquivado oficialmente em algumas semanas. E ela pode ficar em casa enquanto isso? Pode sim. E sobre indenização por danos morais? Vou cuidar disso depois. Agora só quero tirar ela daqui. Às 11:30, Renata finalmente sai da cela.
Cinco dias que pareceram 5 anos. Ela carrega uma sacola plástica com os poucos pertences que tinha quando foi presa. Quando vê Rafael no corredor, para e o encara. Não sorri, não demonstra alívio, só cansaço e uma mágoa profunda. Renata. Senhor Rafael, você tá livre? Acá confessou tudo. Eu sei. O delegado me contou.
Ela que estava envenenando as meninas. Você tava certa desde o começo. Renata ri, mas não tem graça nenhuma. É, eu tava certa, mas o senhor acreditou nela durante meses e em mim nenhum dia. A frase corta Rafael como uma lâmina. Renata, eu sei que errei. Errou? Ela balança a cabeça. Senhor Rafael, o senhor destruiu minha vida.
Minha própria mãe disse que eu morri para ela. Passou na TV que eu sou envenenadora de bebê. Eu vou consertar isso tudo. Como? Como que vai consertar cinco dias de inferno? Como vai fazer minha mãe voltar a me amar? Rafael não tem resposta. Senhor Rafael, obrigada por me tirar da cadeia, mas agora eu só quero ir para casa e tentar juntar os pedaços da minha vida. E as meninas, elas estão sentindo sua falta.
Renata para na porta da delegacia. Como elas estão melhorando a cada dia, sem o veneno da Cácia, elas estão ficando saudáveis. Que bom. Renata, volta para cuidar delas, por favor. Não posso. Por quê? Porque não confio mais no Senhor. E ela vai embora, deixando Rafael sozinho na calçada, entendendo que vai ser muito mais difícil reconquistar a confiança dela do que imaginava. Primeiro mês.
Depois de uma semana insistindo, Renata finalmente aceita voltar, mas com condições rígidas. Eu volto, ela fala para Rafael na porta da casa dela, mas não como faxineira. E não moro na mansão, como quiser. Cuido das meninas de dia e volto para minha casa à noite, todos os dias. Tudo bem. Quero o dobro do que ganhava antes.
Pode ser o triplo. E o senhor para de tentar conversar comigo sobre assunto pessoal. Somos patrão e empregada. Só isso. Nos primeiros dias, a relação entre eles é gelada. Renata chega pontualmente às sete, cuida das gêmeas com todo o amor do mundo, mas trata Rafael como se ele fosse invisível. Bom dia.
Bom dia. As meninas dormiram bem? Sim. Mamaram às cinques. Obrigado. E só mais nada. As gêmeas, por outro lado, florescem com Renata de volta. É como se a vida tivesse voltado ao normal para elas. Dormem melhor, comem melhor, sorriem mais. Mas Renata não está bem. Rafael percebe que ela tem pesadelos.
Às vezes grita dormindo no sofá da sala durante o período de descanso das meninas. Outras vezes, fica paralisada quando escuta sirene de polícia. Renata, você tá bem? Tô ótima. Parece que não dormiu. Minhas noites não são problema do senhor. Uma tarde, um repórter aparece na porta da mansão. Posso falar com a Renata Silva? Renata fica branca como papel. Não vou falar com imprensa.
Ela sussurra para Rafael. Pode deixar comigo. Rafael sai e conversa com o jornalista. Quando volta, encontra Renata tremendo no banheiro. Eles foram embora. E se eles descobrirem onde eu moro e se aparecerem na casa da minha mãe de novo, Rafael vê que ela está tendo uma crise de ansiedade.
Respira devagar, ninguém vai te incomodar. Como o senhor pode garantir? Porque vou contratar segurança para você? Não preciso de caridade. Não é caridade. É responsabilidade minha. Eu que coloquei você nessa situação. É a primeira vez que Rafael assume a culpa real pelo que aconteceu. Segundo mês.
A rotina continua tensa, mas Rafael percebe pequenas mudanças. Renata ainda é fria com ele, mas às vezes esquece e responde alguma pergunta de forma mais natural. Como foi o fim de semana das meninas? Helena tá querendo engatinhar. Fica tentando se arrastar no tapete. Sério? Ela não tá muito nova? Cada bebê tem seu tempo. Ela é curiosa, igual a você.
Renata percebe que a conversa saiu do profissional e volta a ser fria. Vou preparar a papinha delas. Um dia, Rafael chega em casa e encontra a Renata chorando no jardim enquanto as gêmeas dormem. Aconteceu alguma coisa? Nada que o senhor precise saber. Renata, você tá chorando? Alguma coisa aconteceu.
Fui no mercado de manhã e todo mundo ficou me olhando. Uma senhora falou pro neto dela que eu era a mulher que envenenou o bebê. Rafael sentiu o peito apertar. Sinto muito. Não adianta sentir. O estrago tá feito. Vou dar uma entrevista na TV. Vou explicar tudo. E o senhor acha que vai adiantar que as pessoas vão parar de me olhar como se eu fosse um monstro? Rafael não sabe o que responder.
Renata, me deixa ajudar. Já ajudou demais. Naquela noite, Rafael liga para um jornalista conhecido e agenda uma entrevista pra semana seguinte. Se ele causou o problema, ele vai tentar resolver. Terceiro mês. A entrevista de Rafael repercute bem. Ele conta a história toda, assume a culpa por ter acreditado nas mentiras de Cásia e pede desculpas públicas a Renata.
Renata Silva é uma mulher honesta e trabalhadora que foi vítima de uma médica criminosa. Eu cometi o erro de duvidar dela quando deveria ter confiado. Peço perdão publicamente por isso. Alguns jornais fazem matéria sobre o caso, mostrando o outro lado da história. Aos poucos, a opinião pública começa a mudar, mas em casa, Renata continua distante. vi sua entrevista.
Ela comenta uma manhã e foi bonita, mas ainda não muda o que aconteceu. Eu sei, mas é um começo. Nesse mesmo mês, algo importante acontece. Dona Márcia aparece na mansão. Quero falar com minha filha. Rafael chama Renata, que fica tensa ao ver a mãe. Mãe, vim pedir perdão. Renata não responde. Vi a entrevista dele na televisão.
Entendi que você estava falando a verdade desde o começo. A senhora não acreditou em mim quando eu mais precisei. Eu sei. E tô muito arrependida. Arrependida não traz de volta os dias que passei sozinha na cadeia. Renata, por favor, você é minha filha, eu te amo. A senhora falou que eu tinha morrido pra senhora. Dona Márcia começa a chorar. Falei besteira.
Tava com raiva, com vergonha. Mas você sempre vai ser minha filha. Renata também chora, mas ainda não consegue perdoar. Preciso de tempo, mãe. Quanto tempo? Não sei. Só sei que não tá fácil confiar em ninguém agora. Quarto mês. Renata finalmente aceita almoçar na casa da mãe num domingo. É o primeiro passo para reconciliação familiar.
Como tão as meninas? Dona Márcia pergunta. Lindas. Helena já engatinha e Sofia tá tentando. E o patrão trata você bem? Trata. Não tenho do que reclamar. Renata, posso falar uma coisa? Pode, eu vejo no seu olho que você gosta dele. Mãe, não tem nada de errado nisso. Ele é um homem bom e solteiro. Ele é meu patrão e eu sou empregada.
E daí? Você é uma mulher honesta, trabalhadora, carinhosa. Qualquer homem seria sortudo de ter você. Renata fica em silêncio. Há meses não pensa em si mesma como mulher, só como cuidadora das gêmeas. Na mansão, Rafael também está mudando. Ele passou a observar mais Renata não só como babá das filhas, mas como pessoa. Vê como ela é carinhosa, dedicada, inteligente.
Uma tarde ele a encontra ensinando Helena a bater palmas. Vamos, pequena, bate palminha. Helena ri e tenta imitar, mas as mãozinhas não se encontram direito. Ela tá aprendendo rápido, Rafael comenta. São muito espertas, Renata responde as duas. Igual à mãe. Renata para de brincar com Helena.
Elas não são minhas filhas, mas você cuida como se fossem. É meu trabalho. É só trabalho. Renata o olha nos olhos pela primeira vez em meses. O que o Senhor quer dizer? Que eu vejo como você olha para elas, como cuida, como elas sorriem quando te vem. Isso não é só trabalho, Senr. Rafael. E eu vejo como elas olham para você.
Para elas. Você é mãe. Não posso ser mãe de filhos que não são meus. Pode sim, mãe é quem cuida, quem ama, quem tá presente. Renata fica mexendo nervosa no brinquedo de Helena. Por que tá me falando isso? Porque quero que você saiba que admiro você muito. É a primeira vez que Rafael demonstra interesse romântico, mas de forma sutil.
Quinto e sexto mês. A relação entre eles vai esquentando aos poucos. Conversas que começam sobre as gêmeas e acabam em assuntos pessoais. Renata, posso perguntar uma coisa? Pode. Por que você tem tanto jeito com criança? Renata fica em silêncio por um momento.
Porque perdi um? Como assim? Há dois anos eu tava grávida. Perdi o bebê no quarto mês. Rafael sente um aperto no peito. Sinto muito. Por isso me identifico tanto com as suas filhas. Elas têm a idade que meu filho teria. Filho? Era menino. Ia chamar João. Pela primeira vez desde que voltou, Renata olha diretamente nos olhos dele.
Por isso, doeu tanto quando o Senhor achou que eu faria mal para elas. Depois de perder meu próprio filho, jamais machucaria o filho de outra pessoa. Rafael fica em silêncio, entendendo pela primeira vez a dimensão real da dor que causou. Em junho, no aniversário de seis meses das gêmeas, Rafael organiza uma festinha pequena.
Convida a dona Márcia, Sueli e alguns amigos próximos. Obrigada por me incluir, Renata fala quando ele entrega o convite. Claro, você faz parte da família delas. Durante a festa, Rafael observa Renata brincando com Helena e Sofia. Ela sorri de verdade pela primeira vez em meses e ele se dá conta de que está apaixonado. No final da festa, quando Renata vai embora, ele a acompanha até o portão.
Obrigada pela festa. As meninas adoraram. Renata, o quê? Você tá bonita hoje, sorrindo. Ela fica sem graça. Obrigada. Fazia tempo que não te via sorrindo assim. É que as meninas me fazem feliz. Só elas? Renata o olha entendendo a pergunta que ele não fez. Boa noite, Rafael.
É a primeira vez em seis meses que ela o chama pelo nome, sem Senhor. Sétimo mês. As coisas mudam definitivamente entre eles. Renata continua voltando para casa todo dia, mas as conversas ficam mais longas, mais íntimas. Rafael, posso perguntar uma coisa? Claro. Você amava sua esposa? Por que quer saber? Curiosidade. Rafael pensa antes de responder: “Aprendi a amar ela, mas não foi amor à primeira vista.
Como assim? Casamento foi arranjado pelas famílias, mas com o tempo criei carinho, respeito. E quando ela morreu, pensei que nunca mais ia sentir nada por ninguém. E agora? Agora descobri que estava errado. O coração de Renata acelera. Rafael, posso terminar? Ela faz que sim com a cabeça.
Descobri que é possível amar de verdade, amar alguém pela pessoa que ela é, pela forma como cuida dos outros, pela força que tem. Não sei onde quer chegar. Quero chegar no fato de que me apaixonei por você. Renata fica em silêncio por um longo tempo. Não pode falar isso. Por quê? Porque tenho medo do quê? de acreditar e depois descobrir que tá mentindo. Eu nunca mentiria sobre isso. Já mentiu sobre outras coisas.
Nunca menti, só me enganei. E aprendi a lição. Vamos. Que lição? Que confiar em alguém é apostar na pessoa mesmo quando tudo parece estar contra ela. Renata sente os olhos mariarem. Rafael, eu também me apaixonei por você, mas tenho muito medo. Do quê? De ser feliz e depois perder tudo de novo. Não vai perder.
Como sabe? Porque desta vez vou lutar por você, por nós. Oitavo mês, em agosto, quando as gêmeas fazem oito meses, Rafael finalmente se declara de verdade. Eles estão no jardim vendo Helena e Sofia tentarem ficar em pé, apoiadas na mesa, comenta. E falando também. Helena falou mama ontem. Foi para você, não foi? Olhando para você, Renata sorri. Deve ter sido coincidência.
Não foi não. Ela te reconhece como mãe. Nesse momento, Sofia balbucia mama, olhando diretamente para Renata. As duas. Rafael sussurra. Renata não consegue segurar as lágrimas. Rafael, e se der errado? E se não der certo? E se der certo? Ela o olha nos olhos. Você me ama mesmo? Amo mais que tudo.
Mesmo eu sendo pobre, dinheiro não faz ninguém melhor ou pior. Você tem algo que dinheiro não compra. O quê? Um coração bom. E é isso que importa. E sua família, seus amigos, o que vão falar? Vão falar que sou o homem mais sortudo do mundo. Renata finalmente sorri. Tá bem. Tá bem. O quê? Tá bem. Eu aceito tentar. Aceito ver se pode dar certo entre a gente. Rafael a puxa para um abraço cuidadoso. Eu te amo, Renata.
Eu também te amo. Um ano depois, no jardim da mesma mansão, onde tudo começou, Rafael e Renata se casam numa cerimônia pequena e emocionante. Helena e Sofia, agora com um ano e 4 meses, correm pelo jardim em seus primeiros passinhos inseguros. Dona Márcia está na primeira fileira, orgulhosa da filha. Sueli foi promovida à governanta chefe e ganhou um aumento.
A família de Rafael aceitou Renata depois de conhecê-la melhor. Durante a cerimônia, as gêmeas fazem todo mundo rir quando gritam mama no meio dos votos. Acho que elas aprovam”, o padre comenta sorrindo. Depois da festa, quando os convidados vão embora, a nova família se reúne no quarto das meninas. “Elas cresceram tanto, Renata sussurra, vendo as gêmeas dormindo tranquilas e vão crescer, sabendo que foram amadas desde pequenininhas por uma mulher que escolheu ser mãe delas”. Escolheu? É porque mãe não é só quem dá
a luz. é quem escolhe amar. Renata sorri e se aconchga no marido. Obrigada. Por quê? Por terme dado a chance de ser mãe e de ser feliz. Obrigado você por terme ensinado o que é amor de verdade. E longe dali, numa penitenciária feminina, Cásia assiste ao noticiário que mostra o casamento. Ela perdeu tudo que queria.
Rafael, a profissão, a liberdade, mas a justiça foi feita. Na mansão, Helena e Sofia dormem sabendo que são amadas. E Renata finalmente entende que às vezes a família que escolhemos é mais forte que a família do sangue. O amor venceu e desta vez para sempre.
Gostou dessa história? Cásia teve o que mereceu ou foi pouco? Me conta nos comentários.
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